A beleza da casa da gente
Eu gosto de muitas coisas na casa onde moro hoje. Muitas.
Apesar de não sentir a necessidade de ser dona dos espaços onde estou, gosto de preenchê-los. De vida, de sons, de luzes, de mim. Gosto de ocupar, passando um bom tempo em cômodos diferentes.
Quando fui morar sozinha, escolhi a dedo a casa que iria chamar de minha. Ela tinha janelas enormes que iluminavam todos os cantos. Era bem pequena e eu achava ela incrível.
O chão tinha uma cor viva e brilhava quando eu fazia faxina. O pôr do sol naquela sala era um espetáculo e eu amava fechar as janelas pra isolar o mundo lá fora. Aliás, escrevi sobre a minha despedida dela aqui no blog, no texto "Tchau, cantinho. Obrigada!".
Fui viver em outros lugares depois disso e meu caminho até aqui é realmente bonito. Gosto dele e das escolhas que fiz.
Pra essa casa atual, não decidi nada sozinha e, sinceramente, eu amei dividir a tarefa de escolher uma casa para chamar de lar.
Das muitas coisas que gosto nela está a possibilidade de me sentir bem quando estou na sala, no quarto, na cozinha, no escritório. Também está na alegria de descer pelo elevador, caminhar 15 minutos e chegar em um dos parques que eu mais amo na cidade.
Hoje, domingo, eu acordei tarde e já tinha em mente passar o dia no parque. Peguei uma mochila e coloquei um livro novo lá dentro, bolo de cenoura que uma amiga fez pra mim, refrigerante, protetor solar, repelente e óculos escuros. Fui!
Quando entrei no parque senti uma eletricidade energizando meu corpo e uma alegria profunda, daquelas que dá vontade de soltar uns gritinhos. Sabe aquela adrenalidade que a gente sentia quando era criança e dava vontade de gritar? Então.
Dei uma volta no parque, observei as pessoas conversando e comprando comida e fui atrás de uma árvore escolhida a dedo para ser meu abrigo do sol. Encontrei e a escolha foi ótima.
O que me motivou a escrever esse texto foi um trecho do livro que tô lendo:
"A música morava com eles na sala. Seu Antônio tocava violão. A família inteira gostava de cantar, a casa ficava cheia de vozes. Os amigos encontravam sempre a porta aberta e a mesa posta, e aí ninguém tinha pressa. Entre sexta e domingo, a festa sempre dava um jeito de aparecer."
A música é uma das coisas que faz eu sentir que minha casa é minha casa. Gosto de ouvir música, de fazer música, de imaginar música e ter a sensação de que nunca estou esgotando as possibilidades.
Dia desses eu e o Ci começamos a fazer música juntos. Comecei a ensinar ele as coisas que me ensinaram um dia e, caramba, me senti tão em casa. Parecia que o ambiente tinha se iluminado pra mim e que nenhum lugar no mundo seria melhor do que o chão da nossa sala.
Também estou aprendendo a tocar um instrumento novo e me sinto incrível sempre que consigo avançar um pouquinho. Pouquinho mesmo, mas não me importo. Conheço o processo e sei que o tempo de aprender é cheio de paciência.
Como gosto de fotos, fiz uma foto do violão no chão da sala e ela já está entre as minhas preferidas:
Pra terminar meu texto de domingo, deixo um trecho de um conto do Machado de Assis que me toca profundamente. "Um homem célebre" já é de domínio público e você pode ler o texto na íntegra clicando aqui.
"As estrelas pareciam-lhe outras tantas notas musicais fixadas no céu à espera de alguém que as fosse descolar; tempo viria em que o céu tinha de ficar vazio, mas então a terra seria uma constelação de partituras."
Beijos, boa semana!
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