O Duckinho estava de partida




Hoje, pela manhã, antes mesmo de levantar da cama, eu vi um vídeo que me acertou em cheio.

Era uma menina deitada ao lado de um gatinho idoso. Ela estava chorando e ele estava ali, cansadinho.

Céus, aquele vídeo me comoveu na hora, mas o turbilhão veio com o tempo.

Aprendi com uma professora que o sentido é histórico e, por isso, vamos entendendo as coisas com o passar do tempo. Depois que aprendi isso, passei a prestar mais atenção em como vou absorvendo o que está ao meu redor.

Aquele vídeo bateu em mim em um lugar dolorido ainda. Bastante dolorido, para ser sincera.

Eu vivi, em 2021, a experiência de conviver os últimos momentos com um bichinho idoso, cansadinho e que estava prestes a partir.

Escrever sobre esse assunto é realmente doloroso pra mim. Me prometi que faria um texto sobre isso porque escrever me ajuda a ouvir meus sentimentos e organizar meus pensamentos. Me ajuda a viver o que está lá dentro - escondidinho pra ninguém ver - mas que acesso sempre que resolvo escrever.

Me despedi do meu bichinho quando ele estava com 16 anos. Era mês de agosto e eu estava vivendo um turbilhão de tristezas naquele ano.

2021 foi um ano foda. Pessoas morrendo em uma pandemia, pessoas perto de mim fingindo que eu não existo, perda do meu gatinho mais novo... Muita coisa misturada e eu me esforçando para não ficar deprimida.

E aí, numa quarta-feira esquisita, o Duckinho estava de partida. 

Queria ter a capacidade de descrever a profunda tristeza que senti enquanto ia para outra cidade, de uber, me despedir do meu bichinho. Afinal, eu sabia que era uma despedida. Senti que ele estava indo embora. E chorei todo o caminho.

O Duck partiu com uma eutanásia. Minha preocupação era ele ir em paz. Sem dor, sem sofrimento.

E assim ele foi. 

Demorei dois meses para conseguir chorar o que eu precisava. Em uma semana de folga do trabalho, escolhi um dia, coloquei uma música triste no fone de ouvido, deitei embaixo das cobertas (fazia frio em Curitiba, em pleno outubro) e deixei as emoções virem.

Não demorou nada. Elas estavam prontas, eu é que não estava.

Foi assim que me despedi do Duck. Pensando nele com profundidade e atenção plena. Escuta ativa ao meu coração que estava despedaçado pelo meu amigo ir embora.

Confesso que ainda não consegui dar um destino especial para as cinzas dele. A ideia ainda me dói e eu preciso de tempo. Logo faço 30 anos e essa é uma meta pessoal antes do meu aniversário.

Até chegar a hora, eu sinto muito. Muito pesar e muito vazio. Muita saudade. 

Sei que a vida é assim. Sei que vamos sempre nos despedir. Sei que vai doer. Mas também aprendi que o processo é completamente íntimo e que, às vezes, a dor pode emergir do nada.

Como emergiu vendo aquele vídeo do gatinho idoso.

Um vídeo que me acertou como uma bofetada e que ainda me faz chorar quando lembro.

Meu desejo profundo é: tenha uma boa partida, gatinho. Torço muito para que você tenha sido amado. O amor nos acompanha até o final.

"O que há depois da morte é a saudade de quem fica"
(Keanu Reeves)

Muita saudade 

🖤


Música que embalou meu texto:


Comentários

  1. Como não lembrar com tristeza desse dia... Sempre lembrarei com saudade do Ronaldo Gordo...foi o bichinho que mais amei...

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