"Eu fui embora assim que o nosso tempo acabou..."

Talvez você ache estranho eu estar com o coração apertado por causa da minha terapeuta. Sim, tô me despedindo dela.

No geral, a gente não pensa que a relação com a nossa terapeuta se torne algo pessoal. Ela está exercendo uma atividade profissional e eu estou fazendo parte disso, como paciente.

Mas, pra mim, não é só isso. Provavelmente ela é uma pessoa que sabe coisas da minha vida que eu só disse em voz alta uma única vez.

Ela me questionou e me ajudou a encontrar caminhos mentais que só são possíveis com a confiança de que ela está ali para me ajudar, não para me julgar.

Durante muito tempo, ela representou pra mim a criação desse lugar de pensamento livre e sentimentos à flor da pele. Sem julgamentos, com acolhimento e técnica profissional.

Hoje, eu preciso me despedir. Sinto que o nosso tempo compartilhando a terapia chegou ao fim. E isso me dói.

Olhar pra trás e lembrar das dores que ela me ajudou a superar me faz ter vontade de correr pra terapia da próxima quarta-feira. Encontrar ela lá, contar da minha semana e explicar onde dói.

Mas existem despedidas que nós precisamos viver. E precisamos promover, mesmo doendo.

O que eu quero, agora e daqui pra frente, é pensar no lugar seguro que construí na minha mente, com a ajuda dela. É lembrar dos recursos que eu posso usar quando o mundo estiver pequenininho diante dos meus olhos cheios de confusão.

E quero seguir em frente com as coisas boas que o trabalho dela trouxe pra mim, com esperança de encontrar novos terapeutas que causem em mim a sensação de estar sempre retornando para mim mesma.

Se você der uma olhadinha nos meus textos aqui do blog vai ver que, em alguns momentos, eu falei dela. Falei de como ela me ajudou em algum momento específico. E é aí que eu quero parar.

Com o apoio que senti.
Com o acolhimento que recebi.
Com os caminhos que encontramos juntas.

E com a certeza de que eu descobri a hora certa de me despedir.

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