Tá doendo


É madrugada, todo mundo tá dormindo e eu tô aqui. Com uma dor aguda, tô com dificuldade de descansar e dormir.

Já são mais de 45 dias que sinto dor constante. De manhã, de tarde e à noite. Sem parar. 

No começo, o Dorflex dava um alívio momentâneo. Até esquecia o que tá acontecendo por umas duas horas, mas as sensações angustiantes voltavam com tudo. Agora, até remédio forte não dá conta.

E eu sigo com essa sensação de que minha vida vai ser assim daqui pra frente.

Só que hoje, tudo ficou pesado demais. Eu tava em casa, porque não aguentei ir pro trabalho. No início da tarde, senti uma dor completamente desesperadora.

Eu gritava de dor, tentava chorar e não conseguia. O esforço de chorar fazia doer mais e o desespero aumentava. Em algum momento, pensei:

Se eu morresse agora, tudo isso acabaria. 

E me vi surpresa diante desse pensamento, que tomou conta de mim por mais de uma hora.

Tudo isso me fez pensar nas dezenas de vezes que li sobre suicídio. Já li pq é um assunto que gera curiosidade, pq faz parte da vida e pq já pensei nisso antes.

Quando você sofre um trauma muito doloroso, pensar na morte parece um grande alívio. Eu pensei bastante nisso quando tive uma depressão pesada e silenciosa, no final de 2015.

Ninguém sabia o que eu tava vivendo, as pessoas só me viam cada vez mais magra. Perguntavam o que eu tinha feito pra perder peso, numa atitude sem noção e insensível de falar sobre a minha aparência física.

Mas agora eu tô bem. Mentalmente, bem. 
Quer dizer, depois de hoje, eu tenho que admitir que a dor tá mexendo com a minha cabeça.

Já afetou meu trabalho, minha rotina em casa, meus encontros com a família e amigos, e agora tomou conta da minha cabeça.

Eu tô escrevendo pra lembrar que a vitalidade que existe em mim tá abalada com tanto analgésico e dor. Tô me sentindo desesperançosa e tomada pelo desânimo.

É isso, as vezes a gente precisa se abrir e admitir: tá doendo demais.


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